terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

OS TEXTOS "SINTAXE DA LINGUAGEM VISUAL".


























































































































































Alunos os textos anexados estão em arquivo jpeg e todos serão usados sendo uma apostila para o bimestre. Obrigado.










Lembrando que não há obrigatoriedade de imprimir tudo de uma vez, o texto ficará arquivado e ao longo das aulas eu irei pedindo.




















Referência Bibliografica - DONDIS, A Donis - Sintaxe da Linguagem Visual, ed. tramins Fontes.










terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Sejam Bem vindos - TEMA 1 - GESTALT


Gestalt
DefiniçãoO vocábulo alemão Gestalt não possui um equivalente exato em português, sendo geralmente traduzido como forma ou configuração.
A psicologia da Gestalt, também conhecida como psicologia da forma ou psicologia da percepção, surge como escola no início do século XX, na Alemanha, devido aos trabalhos de três principais estudiosos: Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886- 1941). Até então, a percepção humana era explicada segundo uma análise atomista e associacionista, ou seja, vigorava a idéia de que percebemos uma figura a partir de seus elementos e partes componentes, e a compreendemos por associação com experiências passadas. Em contraposição a essa noção, os psicólogos da Gestalt defendem que a percepção não é o resultado da soma de sensações de pontos luminosos individuais, mas uma apreensão imediata e unificada do todo, devido a uma necessidade interna de organização.
Baseada em sistemáticas pesquisas experimentais, a Gestalt atribui à fisiologia do sistema nervoso central uma tendência auto-reguladora, capaz de estabelecer todos coerentes e unificados. Para seus fundadores, o que acontece no cérebro não é idêntico ao que acontece na retina. Além das forças externas, dos estímulos luminosos que excitam nossos órgãos sensoriais, agem também forças internas psicofísicas, que seguem a tendência geral de organizar esses estímulos da melhor forma possível. Ou seja, vemos as coisas da maneira como as vemos por causa da organização que se desenvolve a partir do estímulo.
O fator básico para a percepção das formas é a estimulação não-homogênea. Para a formação de unidades, é necessário haver descontinuidade - por exemplo, percebemos um ponto negro por diferença de estimulação sobre um fundo branco. Ou seja, não vemos partes isoladas, mas relações em um todo; percebemos uma parte na dependência de outra. Nem as formas, nem as cores, nem o brilho ou o contraste são atributos absolutos, mas relativos. Os estímulos que percebemos de uma mesma forma sofrem algumas alterações quando mudamos o seu contexto. Daí a importância do conceito de campo para a psicologia da Gestalt.
Vários experimentos e testes, desenvolvidos pelos psicólogos da Gestalt para analisar como as pessoas identificam certas figuras bidimensionais, reforçam esse argumento. Eles verificaram que, em certas figuras, é possível intercambiar a visão da figura e do fundo (ora vemos uma cruz preta sobre fundo branco ou uma cruz branca sobre fundo preto), enquanto outras provocam efeitos de ilusão de ótica (dois retângulos iguais parecem ser de tamanhos diferentes em função da posição de cada um dentro de um ângulo). Portanto, o aspecto das coisas não depende só dos estímulos, mas do modo como os organizamos.
A partir de experimentos realizados com um grande número de pessoas, os psicólogos da Gestalt estabeleceram certas constantes sobre o comportamento do cérebro no processo de percepção, chamados de padrões, fatores, princípios ou leis.
A dependência entre figura e fundo, um desses princípios, estabelece que uma forma não se constitui isoladamente, mas em relação à moldura. Por unificação, nos inclinamos a ver como figura a forma mais fortemente estruturada, e como fundo o que for mais tênue ou difuso. Por segregação, vemos a unidade menor como figura e a maior como fundo.O princípio da semelhança define que os objetos tendem a se agrupar por similaridade de forma, cor, textura, dimensão. Assim, unidades semelhantes são percebidas como parte da mesma figura. Em articulação com esse padrão age o princípio da proximidade, segundo o qual os elementos são agrupados de acordo com a distância a que se encontram uns dos outros. Elementos que estão próximos tendem a ser percebidos como um grupo.
O princípio da boa continuidade está relacionado ao alinhamento estável das formas dispostas. Toda unidade linear, seja reta ou curva, tende a se prolongar na mesma direção, com o mesmo movimento. Movimentos em direções diferentes rompem a boa continuidade e conduzem à divisão de formas. Esse fator também influi na percepção da tridimensionalidade das figuras e na identificação de planos diferentes. Em função da quebra e da irregularidade das linhas, geralmente percebemos um cubo como uma figura tridimensional. Pela continuidade e o fechamento das linhas, percebemos planos sucessivos, como no desenho de uma cadeia de montanhas.
Nossa percepção também costuma unir intervalos e estabelecer ligações entre unidades, o que se explica pelo princípio do fechamento. O cérebro tende a completar os elementos, formando uma figura delimitada. Um arco de quase 360º, por exemplo, sugere um círculo, ao passo que uma série de linhas pontilhadas organizadas de certa maneira indica um quadrado.
Esses padrões perceptivos são sintetizados na lei de Prägnanz, traduzida como lei da pregnância da forma, segundo a qual o estímulo tende a se organizar de modo a resultar na configuração formal mais simples e estável possível, definida nos seguintes termos: as forças de organização da forma tendem a se dirigir, tanto quanto o permitam as condições dadas, no sentido da harmonia, da ordem e do equilíbrio visual. Essa lei resume o princípio da simplificação natural da percepção e define os fatores de equilíbrio, clareza e harmonia visual como uma necessidade para o ser humano. Quanto mais simples a forma, mais facilmente é assimilada. Em outras palavras, uma forma terá um grau de pregnância maior quanto melhor for sua organização, no sentido de facilidade de compreensão e rapidez de leitura ou interpretação.
No campo das artes plásticas, os conceitos e experimentos da Gestalt influenciaram diversos artistas e teóricos. De acordo com a teoria da psicologia da forma, a arte atinge diretamente o olho do espectador, sem a mediação do intelecto. Nesse sentido, a carga emocional e os conceitos estéticos são considerados atributos de uma obra de arte, e não do seu espectador. Opondo-se ao subjetivismo, os fundadores e discípulos da Gestalt afirmam que as formas mais agradáveis são as que seguem fatores como equilíbrio, clareza e harmonia visual, padrões de organização desenvolvidos pelo sistema nervoso, na estrutura cerebral. Tal posição é questionada por correntes de pensamento críticas à Gestalt, que afirmam que a agradabilidade estética não é algo absoluto ou estritamente fisiológico, mas uma experiência cultural e historicamente construída.
Os princípios estudados pela Gestalt têm relação com preocupações artísticas com a organização e a disposição de elementos presentes desde os tratados renascentistas sobre perspectiva e hierarquização de componentes numa obra artística arquitetônica ou pictórica. Com a consolidação da Gestalt, no século XX, os aspectos da psicologia e dos estudos sobre a percepção visual vieram se somar aos estudos sobre o fenômeno artístico, fornecendo um arcabouço teórico e experimental sobre a maneira como as pinturas são percebidas e entendidas.
O principal estudioso a aprofundar os conceitos da psicologia da forma para o campo da estética e das artes foi Rudolf Arnheim (1904-2007). Nascido em Berlim, Arnheim estuda com Köhler e Wertheimer, que orientam sua tese, defendida na Universidade de Berlim, e com Hans Wallach. Entre sua extensa produção acadêmica, destaca-se a obra Arte e Percepção Visual: uma Psicologia da Visão Criadora, publicada em 1954 e desde então traduzida para inúmeros países.
Para Arnheim, a experiência da apreciação artística resulta de uma capacidade inata dos seres humanos de entender por meio de imagens. Esse "pensamento visual", que não pode ser encerrado ou traduzido em linguagem verbal, é ao mesmo tempo intelectual e intuitivo, pois, em seu entender, o intelecto não é apenas o pensamento lógico, mas a análise linear seqüencial, e a intuição não é uma dádiva de inspiração, e sim a síntese da estrutura como um todo. A intuição nos possibilita perceber e interpretar as relações entre os vários elementos de uma figura. Percepção e conceituação são dois aspectos de uma mesma experiência. Segundo ele, uma obra de arte supõe organização, o que permite ao observador apreender sua estrutura geral e seus vários componentes, semelhanças e diferenças, unidades e separações, inter-relações entre o todo e as partes, hierarquias, relações de predominância e subordinação.
Vale destacar a influência dos princípios da Gestalt sobre um dos mais importantes críticos de arte brasileiros, Mário Pedrosa, que, em 1947, defende sua tese de livre- docência, intitulada Da Natureza Afetiva da Forma na Obra de Arte. Nela, Pedrosa aciona as teorias da psicologia da forma para desenvolver seu ponto de vista sobre questões artísticas. Graças ao prestígio do crítico junto a diversos artistas do Rio de Janeiro e também de São Paulo, tais idéias se disseminaram no meio artístico, influenciando os desdobramentos neoconcretismo.
A psicologia da Gestalt influenciou os estudos e práticas em vários campos da atividade humana, como as artes plásticas, a arquitetura, o desenho industrial e o design gráfico. Trouxe também relevantes colaborações aos estudos da linguagem, da aprendizagem, da memória e do comportamento social, e foi importante para a inclusão do debate psicológico no interior da disciplina estética e para a psicologia e da filosofia da arte desenvolvida no século XX.